quarta-feira, 16 de julho de 2014

PANTEÃO NACIONAL



Fotografia retirada da Internet
Visita ao Panteão Nacional no dia 22 de junho 2014

O Panteão Nacional é o local onde estão abrigados os túmulos de grandes nomes da nossa História. Existem dois monumentos reconhecidos em Portugal como Panteão Nacional.
A primeira designação de Panteão Nacional foi atribuída em 1916 à Igreja de Santa Engrácia em Lisboa; o segundo monumento a receber essa designação foi o Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra.
Em 1910, a igreja de Santa Engrácia, ainda incompleta, passa a ter o estatuto de monumento nacional e depois a função de Panteão Nacional com a Lei n.º 520, de 29 de abril de 1916. Considerado o primeiro monumento em estilo barroco no país, é coroado por um zimbório gigante e o seu interior está pavimentado com vários tipos de mármore colorido.
A escala da igreja hoje dessacralizada é monumental e sente-se sobretudo no interior solene, não tem símbolos religiosos no altar e o espaço mais nobre parece uma enorme praça feita para passear.
É aberto ao público com aquele estatuto, depois de concluídas as suas obras em 1966.
Este templo que para muitos é uma joia do barroco português de influência italiana, tem projeto do mestre João Antunes.
A sua história atribulada, foi-nos primorosamente contada pelo nosso guia, Dr. João Feteira e inclui uma igreja primitiva destruída por uma tempestade, uma lenda à volta de um amor proibido e até uma maldição.
Situa-se no local de uma igreja erguida em 1568, por determinação da Infanta D. Maria, filha de D. Manuel I, para receber o relicário da virgem mártir Engrácia de Saragoça e por ocasião da criação da freguesia de Santa Engrácia. Essa antiga igreja foi construída no local de um templo de meados do século XII, mas foi severamente danificada por um temporal no ano de 1681. A primeira pedra do atual edifício foi lançada no ano seguinte, em 1682.
As obras perduraram tanto tempo que deram azo à expressão popular "obras de Santa Engrácia" para designar algo que nunca mais acaba.
Aliada à dita expressão popular, também está ligada uma outra história. Nos registos da paróquia local, há referências ao 'Desacato de Santa Engrácia', ocorrido a 15 de janeiro de 1630, envolvendo o jovem Simão Pires Solis. Conta-se que era cristão-novo e foi acusado de roubar o relicário de Santa Engrácia . Simão foi denunciado ao Tribunal do Santo Ofício pelos vizinhos das redondezas, uma vez que era frequentemente visto perto daquela zona. Não querendo revelar os verdadeiros motivos que o faziam estar tantas vezes ali por perto, e apesar de se declarar inocente, foi condenado à fogueira no Campo de Santa Clara, a 31 de janeiro de 1631. Antes de morrer, e ao passar pela Igreja de Santa Engrácia, lança-lhe uma maldição, dizendo "É tão certo morrer inocente como as obras nunca mais acabarem!“. Só mais tarde é que o verdadeiro assaltante foi identificado e percebido o motivo pelo qual Simão nada dissera de concreto em sua defesa: estava enamorado de uma jovem fidalga, Violante, freira no Convento de Santa Clara, próximo a Santa Engrácia, e tinham pretendido fugir juntos naquela noite, uma vez que o seu relacionamento era proibido pelo pai da moça.
A igreja só foi concluída em 1966, 284 anos após o seu início, por determinação expressa do governo da época, após avanços e recuos na sua construção e até ter servido de armazém de armamento do Arsenal do Exército e de fábrica de sapatos nos séculos XIX e XX.
Como Panteão Nacional abriga seis grandes mausoléus no topo dos braços do transepto (o espaço mais nobre) – Camões, Vasco da Gama, D. Nuno Álvares Pereira, Pedro Álvares Cabral, Afonso de Albuquerque e o Infante D. Henrique, mas para evitar a trasladação destes corpos, optou-se por evocar a sua memória através de cenotáfios (monumentos fúnebres sem a presença dos restos mortais).
Das dez figuras que têm os restos mortais na Igreja de Santa Engrácia, só Amália e Sidónio Pais, o Presidente da República assassinado em 1918, recebem flores.
Foi preciso esperar por 2000, para que fossem definidas as atuais honras do panteão. A Lei n.º 28 estipula que estas têm por objetivo “homenagear e perpetuar a memória dos cidadãos que se distinguiram por serviços prestados ao país, no exercício de altos cargos públicos, altos serviços militares, na expansão da cultura portuguesa, na criação literária, científica e artística ou na defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e da causa da liberdade”.
As personalidades sepultadas são:
Em 2011 foi solicitada a trasladação dos restos mortais de Passos Manuel (1801-1862), incontornável figura do ensino, da política portuguesa do século XIX e mentor, da criação de um Panteão Nacional para Portugal, que acabou por não ocorrer devido a restrições orçamentais. O mesmo aconteceu com o famoso compositor Marcos Portugal (1762-1830), pouco depois. Em 2014 a Assembleia da República comunicou oficialmente a sua intenção em trasladar o corpo de Sophia de Mello Breyner Andersen, (1919-2004) com a unanimidade de todos os grupos com assento parlamentar e com o apoio posterior da sua família. A cerimónia deverá ocorrer no próximo dia 2 julho.


    Texto: Maria Fernanda Lopes
    Junho 2014



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