O palácio do pátio do
Saldanha, vulgarmente conhecido pelo palácio da Ega, constitui um edifício de
reconhecido valor artístico e histórico.
O seu núcleo primitivo
deve remontar ao século XVI, pois sabe-se que em 1582 já existia a "casa
nobre", podendo ler-se esta data na curiosa fonte de
"embrechados" à entrada do palácio.
O edifício apresenta-se
dividido em três corpos principais: o da entrada, cuja fachada dava para o
pátio, actualmente um bonito jardim; o do lado Sul, de dois pisos, com uma
grande fonte para o Tejo, dando igualmente para um jardim embelezado por um
grande lago e o "Salão Pompeia", a nascente, continuação do corpo
anterior e ligando também com um jardim superior.
Nos princípios do século
XVIII, acrescentou-se ao Palácio um enorme
salão, designado como
sala da música, sala das colunas, sala dos marechais e Salão Pompeia.
É sobretudo neste
magnifico salão que reside o interesse artístico deste edifício, pois é uma das
mais belas salas da cidade. Nele podem admirar-se oito painéis de azulejos
holandeses do início do século XVIII, representando vistas das cidades
portuárias de Antuérpia, Roterdão, Midelburgo, Colónia, Hamburgo, Veneza,
Londres e Constantinopla, e que segundo a opinião de "Santos Simões"
serão da autoria do artista holandês "Boomeester". Era um espaço
usado como sala de música em grandes banquetes e por isso foi colocada uma
estátua de Apolo, o deus da música. Este encontra-se rodeado de frescos, de
magníficas colunas e de oito painéis de azulejos holandeses do século XVIII
ilustrando os principais portos europeus.
Este salão foi
totalmente transformado nos princípios do século XIX. Foi arrancado o tecto
primitivo de madeira, tapadas as janelas superiores e construída a falsa
cúpula, cujo bordo assenta em oito colunas de Madeira oca. No local das janelas
foram pintados painéis ao gosto da época; conservaram-se os painéis de
azulejos, mas sacrificaram-se as fiadas extremas para acomodar a caixilharia de
madeira.
Durante as invasões
francesas conheceu este Palácio um grande esplendor. O "2º Conde da
Ega", "Aires José Maria de Saldanha", regressado de Espanha,
onde estivera como "Embaixador de Portugal", mandou fazer importantes
obras de embelezamento.
Durante essa época, o
palácio chegou a ser frequentado pelo general
Junot, uma vez que os
Saldanha tomaram partido dos franceses. Após
terem sido expulsas as
tropas francesas, os condes de Egavêem -se obrigados a
abandonar Portugal e partem para o exílio.
O nome do palácio
deve-se a uma das suas proprietárias, a Condessa da Ega, que permitiu que o
general Junot, se instalasse no palácio durante as invasões francesas.
Com o palácio
abandonado, vai servir como hospial às tropas anglo-lusas e mais tarde de
quartel-general do Marechal William Beresford.
Em 1823 a família
"Saldanha" é reabilitada e requer a posse da sua casa senhorial.
Depois de longa demanda em tribunal, é-lhe finalmente entregue o Palácio em
1839, mas a situação financeira desta família já não lhe permitia a sua
manutenção.
No ano de 1843 o
edifício foi vendido a um capitalista o "Barão de Forgosa" que
promove obras fundamentais, dando-lhe um aspecto exterior semelhante ao que
apresenta na actualidade.
A partir de 1919, foi
vendido ao "Ministério das colónias", para ali instalar a
"escola de medicina tropical" e a construção de um "hospital
colonial", (para doenças dos países quentes). Porém são levadas a efeito
grandes obras de vulto no palácio em 1931 para poder alojar condignamente o
«Arquivo Histórico Colonial», hoje «Arquivo Histórico Ultramarino».
Em 1973, o palácio foi
integrado na Junta de Investigações Científicas do Ultramar, actualmente
Instituto de Investigação Científica Tropical. É neste imóvel que funciona
actualmente o Arquivo Histórico Ultramarino.
Foram os "muitos
pedidos de utilizadores da sala de leitura e de estudiosos de património"
que levou a sua direcção a autorizar duas visitas gratuitas mensais.
Em 1950, este salão foi
classificado como Imóvel de Interesse Público.
CURIOSIDADE
Na "GAZETA DE
LISBOA" em 11 de Janeiro de 1806 era publicado o seguinte:
O Conde da Ega aluga o "Palácio do Saldanha". Quem quiser arrendar o "Palácio" do Exmo. "Conde da Ega", à "Junqueira", por um ou mais anos, pode dirigir-se a "Francisco Caetano Tavares", morador no pátio do mesmo Palácio, denominado "Saldanha".
O Conde da Ega aluga o "Palácio do Saldanha". Quem quiser arrendar o "Palácio" do Exmo. "Conde da Ega", à "Junqueira", por um ou mais anos, pode dirigir-se a "Francisco Caetano Tavares", morador no pátio do mesmo Palácio, denominado "Saldanha".
Wikipédia
ruasdelisboacomhistria.blogspot.com
www.patrimoniocultural.pt
Outubro de 2014 M Fernanda Lopes