terça-feira, 30 de dezembro de 2014

PALÁCIO DO PÁTIO DO SALDANHA OU PALÁCIO DA EGA


O palácio do pátio do Saldanha, vulgarmente conhecido pelo palácio da Ega, constitui um edifício de reconhecido valor artístico e histórico.
O seu núcleo primitivo deve remontar ao século XVI, pois sabe-se que em 1582 já existia a "casa nobre", podendo ler-se esta data na curiosa fonte de "embrechados" à entrada do palácio.

  
O edifício apresenta-se dividido em três corpos principais: o da entrada, cuja fachada dava para o pátio, actualmente um bonito jardim; o do lado Sul, de dois pisos, com uma grande fonte para o Tejo, dando igualmente para um jardim embelezado por um grande lago e o "Salão Pompeia", a nascente, continuação do corpo anterior e ligando também com um jardim superior.
Nos princípios do século XVIII, acrescentou-se ao Palácio um enorme
salão, designado como sala da música, sala das colunas, sala dos marechais e Salão Pompeia.
É sobretudo neste magnifico salão que reside o interesse artístico deste edifício, pois é uma das mais belas salas da cidade. Nele podem admirar-se oito painéis de azulejos holandeses do início do século XVIII, representando vistas das cidades portuárias de Antuérpia, Roterdão, Midelburgo, Colónia, Hamburgo, Veneza, Londres e Constantinopla, e que segundo a opinião de "Santos Simões" serão da autoria do artista holandês "Boomeester". Era um espaço usado como sala de música em grandes banquetes e por isso foi colocada uma estátua de Apolo, o deus da música. Este encontra-se rodeado de frescos, de magníficas colunas e de oito painéis de azulejos holandeses do século XVIII ilustrando os principais portos europeus.
Este salão foi totalmente transformado nos princípios do século XIX. Foi arrancado o tecto primitivo de madeira, tapadas as janelas superiores e construída a falsa cúpula, cujo bordo assenta em oito colunas de Madeira oca. No local das janelas foram pintados painéis ao gosto da época; conservaram-se os painéis de azulejos, mas sacrificaram-se as fiadas extremas para acomodar a caixilharia de madeira.
Durante as invasões francesas conheceu este Palácio um grande esplendor. O "2º Conde da Ega", "Aires José Maria de Saldanha", regressado de Espanha, onde estivera como "Embaixador de Portugal", mandou fazer importantes obras de embelezamento.
Durante essa época, o palácio chegou a ser frequentado pelo general
Junot, uma vez que os Saldanha tomaram partido dos franceses. Após
terem sido expulsas as tropas francesas, os condes de Egavêem -se obrigados a abandonar Portugal e partem para o exílio.
O nome do palácio deve-se a uma das suas proprietárias, a Condessa da Ega, que permitiu que o general Junot, se instalasse no palácio durante as invasões francesas.
Com o palácio abandonado, vai servir como hospial às tropas anglo-lusas e mais tarde de quartel-general do Marechal William Beresford.
Em 1823 a família "Saldanha" é reabilitada e requer a posse da sua casa senhorial. Depois de longa demanda em tribunal, é-lhe finalmente entregue o Palácio em 1839, mas a situação financeira desta família já não lhe permitia a sua manutenção.
No ano de 1843 o edifício foi vendido a um capitalista o "Barão de Forgosa" que promove obras fundamentais, dando-lhe um aspecto exterior semelhante ao que apresenta na actualidade.
A partir de 1919, foi vendido ao "Ministério das colónias", para ali instalar a "escola de medicina tropical" e a construção de um "hospital colonial", (para doenças dos países quentes). Porém são levadas a efeito grandes obras de vulto no palácio em 1931 para poder alojar condignamente o «Arquivo Histórico Colonial», hoje «Arquivo Histórico Ultramarino».
Em 1973, o palácio foi integrado na Junta de Investigações Científicas do Ultramar, actualmente Instituto de Investigação Científica Tropical. É neste imóvel que funciona actualmente o Arquivo Histórico Ultramarino.
Foram os "muitos pedidos de utilizadores da sala de leitura e de estudiosos de património" que levou a sua direcção a autorizar duas visitas gratuitas mensais.
Em 1950, este salão foi classificado como Imóvel de Interesse Público.

CURIOSIDADE
Na "GAZETA DE LISBOA" em 11 de Janeiro de 1806 era publicado o seguinte: 
O Conde da Ega aluga o "Palácio do Saldanha". Quem quiser arrendar o "Palácio" do Exmo. "Conde da Ega", à "Junqueira", por um ou mais anos, pode dirigir-se a "Francisco Caetano Tavares", morador no pátio do mesmo Palácio, denominado  "Saldanha".

FOTOS
Fernanda Lopes
 
Fontes:

Wikipédia
ruasdelisboacomhistria.blogspot.com
www.patrimoniocultural.pt
Outubro de 2014 M Fernanda Lopes