O Mundo porque,
simbolicamente, foi aí que, no reinado de Dom Manuel I, se
construíram as quatro partes da Terra.
Ele que era o
Grão-Mestre da Ordem de Cristo, da mítica, misteriosa e extinta
Ordem dos Cavaleiros do Templo.
Ele, cujo poder
concreto lhe advinha da pimenta da Índia, do ouro de África, das
pedrarias, porcelanas, perfumes e demais parafernália de mercadorias
que atravessavam os mares nas suas naus.
Ele, que mostrava aos
povos o seu poder através de um nome magnífico, com atributos sem
fim: “Dom Manuel, Rei de Portugal e dos Algarves, d Aquém e d
Além-Mar em África, Senhor da Guiné, da conquista, da navegação
e do comércio da Etiópia, da Arábia, da Pérsia e da Índia”.
Ele, o “Venturoso”,
porque não só lhe coube em sorte ocupar um trono por sucessão
indirecta, como lhe caíram no colo todas as riquezas porfiadas pelos
seus antecessores ao longo de um século.

O Convento de Cristo
já lá estava antes. Desde o século XII. Estratégico no reforço
da barreira natural do Tejo, fundamental para a defesa e povoamento
das terras conquistadas ao Infiel.
O pano de muralhas
desdobra-se cortado por cubelos redondos, as seteiras apresentando
uma cruz na base. O paço abre-se para o interior, com janelas agora
abertas para o céu, para o espaço azul.
Adiante, a charola com
os seus contrafortes elegantes, cuja estrutura oitavada pretende
alcançar a perfeição – o círculo. O círculo do panteão
romano, mas também o círculo do templo dos templos, mais a oriente,
na Jerusalém que simboliza o centro do Mundo – “…Oriente donde
vem tudo, o dia e a fé…”

Contou-nos que viveu
em tempos no Convento, jovem estudante em trabalho de campo, mas que
não chegou a Cavaleiro. Pois bem, está na altura. Entreguemos-lhe
nós agora o elmo e a espada. Ao Guardião do Templo. Do Templo da
Sabedoria.
Texto: Ana Amorim
Fotos: Luísa e Francisco Ferreira
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